segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O Núncio Apostólico em Uganda contra a nova lei anti-gay


Enquanto isso, em Uganda, o núncio apostólico posicionou-se firmemente contra a aprovação do projeto de lei que criminaliza a homossexualidade naquele país e que vem mobilizando a comunidade internacional (assine a petição online aqui). É a Igreja se colocando claramente contra a violência que vitima os LGBTs, como já pedia o Fórum Europeu LGBT em 2011 ao Papa Bento XVI (leia aqui). Como defendemos aqui, "antes mesmo de qualquer discussão sobre a doutrina vigente da Igreja Católica a respeito da homossexualidade, uma coisa é certa: a Igreja - e, como sempre, por 'Igreja' referimo-nos não só ao Magistério, mas a todos os batizados - precisa assumir seu papel histórico de mediadora e pacificadora, que tantas vezes desempenhou com mérito, e, também na questão da homofobia, atuar como a defensora da justiça social, contrária a toda forma de violência, que é".

O Núncio Apostólico em Uganda, Arcebispo Michael Blume, expressou sua consternação com a iminente aprovação da lei que pune com prisão perpétua aqueles que mantiverem práticas homossexuais no país. O representante do Vaticano anunciou publicamente a preocupação da comunidade católica com a nova lei.

Ele cita uma carta escrita por missionários do Verbo Divino, liderados por Brian McLauchlin, que afirma: "Estamos preocupados com o elevado número de violações dos direitos humanos que irão ocorrer caso o presidente aprove esse projeto de lei. Por mais que a hierarquia católica não aprove o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo ou o estilo de vida homossexual, concordamos que todos têm o direito de ser tratado com dignidade e respeito. Prender alguém por seu estilo de vida constitui claramente um abuso de seus direitos."

McLauchlin exortou os católicos de Uganda a lançar mão de todos os recursos ao seu alcance para garantir que o projeto não se torne lei. "Pedimos que você use sua influência como núncio papal para fazer com que os bispos se pronunciem contra esse projeto de lei. Quando falar com o Papa Francisco, coloque-o a par desta situação. Tenho certeza de que ele vai defender que a dignidade e o respeito a todas as pessoas honestas são sagrados."

O núncio respondeu a McLauchlin no mesmo dia, assegurando-lhe que compartilha de suas preocupações quanto ao projeto de lei, e reiterou a oposição da Igreja Católica ao mesmo: "Tenho certeza de que haverá um grande movimento no âmbito da Conferência Episcopal e várias instituições do país contra esse projeto de lei, que será arquivado caso o presidente não o assine no prazo de trinta dias. Oremos para que o Espírito Santo lhe dê sabedoria". Já em 2009, quando se tentou aprovar o texto, que incluía a pena de morte, os bispos escreveram: "O recente projeto de lei contra a homossexualidade não pode ser aprovado a partir da cosmovisão cristã. Sua falha fundamental é atacar o pecador, não o pecado."

Fonte

Como salientamos em nossa carta aos bispos (saiba mais aqui. Não assinou a petição online ainda? Assine aqui!), está cada vez mais claro que o entendimento atual da Lei Natural como base para condenar a homoafetividade e o homoerotismo como "desordenados" carece de evidência na realidade. Mas o posicionamento claro do Magistério e da comunidade não só católica, mas cristã, contra toda e qualquer violência (e, para nós aqui, em especial contra os LGBTs) já é um passo importante.

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