quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A responsabilidade das católicas latino-americanas

"Nós, mulheres católicas do continente americano, somos conscientes que o fenômeno da pobreza (feminilização da pobreza), o novo 'holocausto ecológico', a violência, a violação aos direitos fundamentais de cada pessoa e tantas outras realidades que afetam discretamente as mulheres, as crianças, as populações indígenas e o meio ambiente, nos mantêm numa situação de escravidão.

Essa realidade nos demanda uma resposta a partir de uma espiritualidade profunda e radical no seguimento de Jesus, capaz de transformar essas realidades. (...)

Há uma urgente necessidade de repensar a espiritualidade a partir do paradigma ecológico e resgatar a tradição dos místicos que desenvolveram uma espiritualidade fundamentada numa teologia da criação. Tal teologia da criação inspira-se na consciência da inabitação trinitária de Deus em todas as realidades do ser humano (homem-mulher) com seu ser de criatura, e não como amo e senhor, pois este conduz a uma lógica de domínio e exploração que impede relações harmônicas de respeito, justiça e reconhecimento da dignidade dos demais seres.

A espiritualidade profética que tem caracterizado a Igreja latino-americana encontra novos modos e paradigmas de expressão em seu caminhar e estes novos caminhos são: uma espiritualidade ética de ecojustiça, a interculturalidade como caminho de diálogo e enriquecimento mútuo das diversas tradições e expressões religiosas, e a inclusão a partir da perspectiva da mulher, entre outros.

Este mundo global, empobrecido e violento, está urgindo por uma espiritualidade ecumênica que una suas forças para responder ao desafio profético cristão que demanda uma mudança de época. A expressão ecumênica da espiritualidade conduzir-nos-á a mantermos a firme esperança de que “outro mundo é possível”. A esperança ativa e comprometida da espiritualidade libertadora evitará cairmos no sem sentido ou no pessimismo apocalíptico próprio da afluência de diversos movimentos espiritualistas."

- Marilú Rojas, doutora em Teologia Sistemática pela Universidade Católica de Lovaina, professora de teologia na Universidade Ibero-Americana em Puebla, México e faz integrande da Associação de Teólogas Itinerantes

(Fonte aqui)

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