segunda-feira, 9 de abril de 2012

E agora, para onde?

Foto via Blue Pueblo

Levantem-se, vamos sair deste lugar, pois vocês estão em mim e eu estou em vocês; juntos formamos uma única pessoa, e não podemos ser separados.


(De uma antiga homilia para o Sábado Santo, por um escritor cristão cujo nome se perdeu para nós.)


* * *

O anjo disse às mulheres que Ele não estava lá, onde elas o estavam procurando, porque Ele tinha ressuscitado. Depois da morte, já não o conhecemos de modo carnal – o que inclui o modo da imaginação. Como a meditação, Ele não é o que nós pensamos. Como o reino, não está aqui, não está ali.

Então o anjo disse-lhes: Ele vos precede na Galiléia, é lá que o vereis. "Vede bem, eu vo-lo disse", conclui ele simplesmente. Não há nenhuma explicação, apenas a proclamação. Tarefa cumprida. Como isso poderia ser prontamente entendido ou explicado de maneira satisfatória? A tarefa é comunicá-lo e esperar. Se não for verdade, depois de ter visto a possibilidade e ouvido a proclamação, tudo perde gradualmente a cor e a energia.

Os desafios da condição humana de repente aumentaram de maneira dramática.

É surpreendente que não possamos dizer com exatidão o que os primeiros cristãos estavam comunicando, e, desde então, isso formou uma contínua cadeia de transmissão. Foi uma experiência de seu ser presente, que não pôde ser conservada em pensamento ou na imaginação ou nos sentidos, de um modo que, sem dúvida, os impressionou e transformou, não como memória ou arquétipo, mas como presença pessoal.

Como podemos explicar qualquer dos mais importantes acontecimentos em nossa vida?

As mulheres voltaram para fazer tudo o que podiam, naquelas circunstâncias – anunciá-lo aos outros. E eis que Jesus vem ao seu encontro. O anjo não havia falado que elas o veriam na Galiléia? Elas não estão na Galiléia. Por que está Ele ali, sendo que deveriam vê-lo lá? Está Ele lá também?

Ao vê-lo, começam a perceber que elas estavam em sua mente apesar de (ou por causa de) tudo o que Ele tinha sofrido. A morte, o grande esquecimento não tinha feito com que Ele as esquecesse. Elas deveriam valer mais do que pensavam. Ele deveria ser mais do que elas imaginavam.

Não temais, Ele lhes diz. É o medo que enfraquece a mente e nos torna incapazes da expansão necessária para vê-lo e compreender que agora podemos viver de modo bem diferente e sem medo. (Mesmo o anjo lhes havia dito para não ter medo). Talvez tenhamos mais medo do que o confessemos até para nós mesmos.

Ele também não dá nenhuma explicação, só a experiência em si, dele. Isso leva uma ação, a uma nova prioridade na vida, que define a vida de seus amigos e discípulos de hoje em diante – partilhar com outros essa notícia transformadora da vida.

Aleluia, Ele ressuscitou verdadeiramente. Tarefa cumprida. Nova criação. Aonde vamos daqui em diante?

- Laurence Freeman OSB
Mensagem para o Domingo de Páscoa à Comunidade Mundial de Meditação Cristã no Brasil

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