quinta-feira, 15 de março de 2012

A felicidade é para ser partilhada


Ilustração: Rachell Sumpter

O que uma ovelha perdida, uma moeda de prata perdida e um filho perdido têm em comum? Estão todos perdidos, é claro; mas também, nas parábolas de Jesus, eles são todos encontrados. Sua redescoberta desencadeia celebrações de júbilo. A pessoa que perdeu e encontrou, quer e precisa partilhar seu alívio e felicidade e chama os amigos e vizinhos para se reunirem.

A felicidade, como o medo, a raiva e a tristeza, são contagiosas e, por razões diferentes, pedem para serem partilhadas.

Partilhamos os sentimentos negativos porque eles são destrutivos; talvez sentimos, instintivamente, que se os guardarmos apenas para nós eles nos destruirão mais rapidamente, mas se pudermos infectar outras pessoas, isso os diluirá.

Mas a felicidade, quando guardada para nós mesmos, se diminui e nos diminui. Festas e celebrações são essenciais para a felicidade humana porque elas nos permitem dividir o que é, em si mesmo, um fruto da participação da nossa existência. Pessoas que se recusam a ir a uma festa, como o irmão mais velho ciumento, são vistas como negadoras da vida. Festeiros às vezes agem como se estas pessoas devessem ser postas em um grupo isolado de infelizes por estragarem a diversão dos outros.

Entretanto, no espírito do Evangelho, não devemos excluir aqueles que parecem condenados a esse fim ou que excluem a si mesmos. Celebrar a vida inclui a compaixão que sentimos – e demonstramos – para com aqueles que não podem celebrar. Não podemos ser felizes excluindo os infelizes.

Excluindo, nós perdemos. Incluindo, encontramos. Acolhendo os que não são amados, nós ganhamos uma percepção mais profunda (experiência) da natureza da felicidade. Nós percebemos que não se trata apenas de recuperar o que perdemos ou de ter um bom dia. Algumas coisas nós perdemos para sempre. Existem bons dias e maus dias.

A felicidade – o tipo que não é perdido mesmo quando perdemos algo precioso – não depende de ter, mas de ser. Não depende de estarmos contentes ou descontentes. Mas de sermos quem nós somos.

- Laurence Freeman OSB
Mensagem para o Sábado da Segunda Semana da Quaresma à Comunidade Mundial de Meditação Cristã no Brasil. Grifos nossos.

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