sexta-feira, 9 de março de 2012

Do desejo e da falta de autenticidade


Às vezes o profundo desejo de uma pessoa está tão aparente em sua personalidade que todo mundo pode ver, embora estejam todos convencidos de que este desejo está escondido, e mal se dão conta disso. São destes tristes absurdos que as tragédias humanas são feitas. Ora construímos impérios financeiros, ora nos rendemos à vícios vergonhosos como meios infantis de fugir para longe tanto de nosso verdadeiro eu como de nosso falso eu – na verdade de qualquer eu que encontremos.

Tentando lidar com isso, nós não devemos subestimar o quão profundo e arraigado é o sofrimento humano.

"Os sãos não têm necessidade de médico e sim os doentes; não vim chamar os justos, mas sim os pecadores, ao arrependimento". (Lc 5,31)

Qualquer falta de autenticidade em nós corrompe a alma, cujos sintomas nós mesmos devemos reconhecer, seja medo, raiva, tristeza ou falso desejo. Podemos responsabilizar outros por tirarem vantagem de nossa culpa, mas também nos enfraquecemos, com cada perda, por um sentimento interior de vergonha. O quanto antes nós expusermos tudo isso, melhor (...). Apenas quando começamos a simplificar é que realmente vemos que Deus não é um juiz e executor externo, mas alguém que cura e um amigo.

As metáforas podem ser falhas, mas elas se tornam reais em nossa experiência. Apenas quando descobrimos o novo continente interno de amor é que o medo e a vergonha humanos se desfazem em sua própria inexistência.

- Laurence Freeman, OSB
Mensagem para o Sábado pós-Cinzas à Comunidade Mundial de Meditação Cristã no Brasil

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