terça-feira, 15 de novembro de 2011

As nossas vidas são minas de ouro ocultas

Colagem: Ysabel LeMay

"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: “Um homem, ao partir de viagem, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, conforme a capacidade de cada qual; e depois partiu. Muito tempo depois, chegou o senhor daqueles servos e foi ajustar contas com eles. O que recebera cinco talentos aproximou-se e apresentou outros cinco, dizendo: ‘Senhor, entregaste-me cinco talentos: aqui estão outros cinco que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’". (Mateus 25, 14-15, 19-21)

Há uma velha história que diz que depois de Deus ter concluído a criação, todos os animais dançaram alegremente, descobrindo as maravilhas que os seus corpos podiam fazer; todos menos os pássaros.

Enquanto os outros animais tinham belas pernas para correr ou grandes barbatanas para nadar, tudo o que os pássaros tinham eram pernas pequenas e finas que só lhes permitiam dar uns passinhos. E, pior, tinham pesados sacos de penas presos aos ombros.

“Porquê nós?”, lamentaram os pássaros. “Porque é que temos de saltitar com estes pesos pesados nas nossas costas quando todos os outros animais podem correr, nadar e divertir-se? Porque é que Deus não gosta de nós da mesma maneira que gosta dos outros?” E então sentaram-se e amuaram.

Após um longo tempo uma voz serena chegou até eles através da brisa. “Desembrulhem esse embrulho pesado que têm às costas, abram-no todo e agitem-no na aragem”. Foi o que os pássaros fizeram, ainda que relutantemente. Abriram os “pesados sacos de penas” e descobriram que eram asas! Sacudiram-nas com toda a força que tinham. E em menos de nada estavam a voar, elevando-se bem acima de todos os outros animais. Foi então que os seus corações cantaram “Somos aqueles que Deus mais ama!”

Pensavam que eram pobres quando na verdade eram ricos.

Deus abençoou cada um de nós com um “pacote” de dons, perfeitamente ajustado a cada fase da nossa vida. No entanto poucos de nós alguma vez viram ou confiaram em metade desses dons e poderes que Ele colocou nas nossas mãos. É por isso que as nossas existências são mais pobres e menos felizes do que Deus desejou.

Por que é que isto acontece? Talvez por nós sermos aqueles pássaros, que aprenderam a dar pequenos passos e pensaram que não havia mais nada para eles – só saltitando sempre e para sempre. Deixaram de procurar o seu melhor dom.

É o que nós fazemos constantemente, às vezes porque temos medo que não haja mais nada dentro de nós, e outras vezes porque as pressões para “fazer alguma coisa!” – escolher uma carreira, um companheiro – fazem com que fechemos os nossos olhos, deixando alguns dos nossos dons intocados e ocultos, o que significa ficarmos sem algumas dos instrumentos essenciais que precisamos para construir a vida. Imagine tentar construir uma casa sem um martelo ou uma serra!

Deus quer para nós vidas felizes. É por isso que nos ofereceu tantos dons, tantos instrumentos. No evangelho desse domingo Ele pede-nos para lançarmos outro olhar ao que nos deu: será que já descobrimos tudo? Será que estamos a usar e usufruir de tudo? Se não, estamos literalmente a tirar vidas felizes de nós próprios e de quem nos ama. Jesus pede-nos para que não deixemos que tal aconteça.

Escute-o. Olhe outra vez com olhos de ver: você ficará admirado com a mina de ouro sobre a qual está sentado há tantos anos. Ficará admirado e Deus ficará muito satisfeito!

- Mons. Dennis Clark
In Catholic Exchange
Trad. / adapt.: Rui Jorge Martins
Reproduzido via SNPC | 12.11.11

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