domingo, 18 de setembro de 2011

O pluralismo religioso como um dom de Deus


Em dia de 4ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa (atualização em 19/09: saiba como foi a caminhada aqui), deixamos para reflexão o texto abaixo. Bom domingo a todos!

1. O pluralismo religioso é um dom de Deus e revela as riquezas singulares de sua sabedoria infinita e multiforme.

2. Antes de expressarem uma busca tateante de Deus, as religiões já foram acolhidas por Deus na dinâmica de sua infinita abertura e misericórdia. Não são os sedentos que buscam a água, mas a água que busca os sedentos.

3. As religiões são “fragmentos” que participam de uma sinfonia cujo horizonte é marcado pela tônica do inacabamento. Não há possibilidade de uma única tradição pretender-se detentora da posse da verdade.

4. A verdade que anima a caminhada das religiões não é algo que se apropria como uma garantia assegurada, mas um mistério sempre aberto pelo qual as religiões devem deixar-se possuir.

5. As religiões são marcadas por limites e ambigüidades, mas estão igualmente envolvidas pela maravilhosa liberdade do Espírito, que indica caminhos que são misteriosos e inusitados.

6. Cada religião é portadora de um enigma que é irredutível e irrevogável, não podendo ser entendida como um marco de espera que encontra o seu acabamento ou remate numa outra tradição religiosa. A riqueza das religiões não é algo que se encontra fora delas, como se o seu valor estivesse na sua capacidade de abrir-se positivamente àquilo que ignoram.

7. Desconhecer esse enigma ou mistério que envolve cada tradição religiosa é deixar de honrar a sua especificidade única e macular a riqueza intransponível da alteridade.

8. A defesa de uma assimetria de princípio entre as religiões compromete a dinâmica misteriosa dos dons de um Deus que abraça a diversidade.

9. A experiência de fé num Deus criador, que está presente e vivo em cada domínio do planeta, implica em reconhecer sua presença viva e acolhedora entre as diversas tradições religiosas.

10. Deus atua na história através de mediações distintas e diversificadas. Não há razão plausível para concentrar a mediação fundamental da presença salvífica de Deus numa única instância ou “porta”, mas há que perceber outras formas dessa mediação, que podem ser uma pessoa, mas também um livro, um evento, um ensinamento ou uma práxis.
11. A acolhida do pluralismo de princípio é uma condição essencial para o verdadeiro diálogo interreligioso. Não há como dialogar verdadeiramente com o outro desconhecendo a riqueza e o valor irredutível de sua dignidade religiosa.

12. Fixar-se numa única tradição religiosa, excluindo-se da provocação criadora da interlocução da alteridade, é deixar escapar bens preciosos que irradiam na dinâmica reveladora de Deus, sempre em ação na história.

13. O reconhecimento da presença do Mistério Maior nos outros confere uma nova perspectiva à identidade, facultando a abertura para novas e enriquecedoras dimensões da própria fé.

14. Longe de enfraquecer a fé, o diálogo verdadeiro abre horizontes novos e fundamentais para a sua afirmação num mundo plural.

15. A acolhida do pluralismo de princípio requer não apenas o diálogo entre as religiões, mas também a abertura e aprendizado com outras formas de opções espirituais, sejam religiosas, a-religiosas ou pós-religiosas.

Contribuição para o Fórum Mundial de Teologia e Libertação – Dakar, fevereiro de 2011: aqui

- Faustino Teixeira
Fonte: Amai-vos

2 comentários:

Anônimo disse...

Email, pauloluiz41@hotmail.com









Por que religiões! Se Deus é um só.

Tenho certeza, a maioria das pessoas que acreditam na Bíblia Sagrada não tem conhecimento do numero de pessoas na face da terra que não acreditam em tal livro. Para esclarecimento mostro os números aproximados.
Cristianismo, 2.1 bilhões, acredita no novo e no velho testamento. São aproximadamente 33% da humanidade.
Judaísmo, 14 milhões, os quais acreditam somente no velho testamento. São aproximadamente 0,22% da humanidade.
O numero de adeptos seguidores da Bíblia Sagrada não chega nem a 35% do total de seres humanos no nosso planeta. Se os seguidores da Bíblia dizem estarem certos na sua convicção religiosa, como fica a situação dos 65% por cento que não acreditam nela. Não podemos simplesmente dizer que estão enganados, não são meia dúzia de pessoas, são na verdade alguns bilhões. Quando digo que a maioria dos seguidores da Bíblia não sabe sobre estes números, porque os mesmos seguem simplesmente por que foram orientados a seguir sem ao menos terem o trabalho de pesquisar ou questionar algumas coisas sem muita coerência.
Seguir alguma religião não e só falar amem a quem ensina, nós temos a obrigação movida pela nossa inteligência em questionar os pontos obscuros, pois questionar não quer dizer blasfemar, se a um Deus, ele quer e exige que usemos nossa inteligência para não sermos manipulados por terceiros, esta é a lei da vida, também a lei do bom senso e da coerência, somente usando estes cuidados poderemos nos livrar dos falsos profetas, os quais foram sabiamente mencionados por Jesus em suas parábolas.
Ser religioso não é só freqüentar templos e pagar dizimo, ser religioso e ser coerente consigo mesmo, ter amor ao próximo em toda sua plenitude, ser honesto, trabalhador e também se esforçar para tirar da mente os defeitos incorrigíveis que há em todos nós seres humanos, defeitos estes que são individualismo, egoísmo, egocentrismo e muitos outros tipos de falhas que nos levam a provocar uma serie de discórdia entre nós e nossos semelhantes. Corrigir nossos defeitos seria na verdade a melhor religião, este procedimento teria um sentido pratico sem fantasias, fantasias estas que só nos levam a erros e enganos.

Paulo Luiz Mendonça.

Cris Serra disse...

Caro Paulo,

Antes de mais nada, obrigada por seu comentário e sua visita ao nosso blog! :-)

A meu ver, as religiões são uma das formas possíveis de dar conta da necessidade humana de realização espiritual e transcendência. Como todas as formas de organização sócio-cultural criadas pelo homem para atender suas necessidades, não necessariamente precisam ser ruins, nem boas; depende de como o indivíduo se insere nelas, e de como contribui para a organização social.

Em toda organização social, o homem pode querer acomodar-se na passividade e esperar por respostas prontas que determinem para ele o que é certo e errado e lhe digam como viver, eximindo-o da responsabilidade por suas escolhas. Ou ele pode usar a religião e sua inserção na comunidade como um caminho para construir seu amadurecimento e sua realização neste mundo, como ser humano livre para fazer escolhas que sejam justas para si e para o outro, em coerência com seus valores e sua ética.

Mas esta é apenas uma maneira de ver. Respeito sua opinião: se você não encontrou para si mesmo uma utilidade para uma religião, e está feliz assim, que assim seja! Fico feliz por você ter encontrado uma forma de ver a vida que faz sentido para você. Eu, e outras pessoas que eu conheço, encontramos sentido em incluir na vida uma dimensão espiritual religiosa, e isso nos ajuda a sermos pessoas melhores.

Que bom que podemos nos encontrar em espaços como este, dialogar e trocar ideias. Tenho certeza de que, do encontro de visões de mundo distintas, pode advir grande aprendizado mútuo, sobretudo se nos dispusermos a, juntos em nossas diferenças, unirmos forças pela construção de um mundo melhor.

Um forte e caloroso abraço! :-)

Cris Serra

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