terça-feira, 14 de junho de 2011

Ato inter-religioso em paróquia anglicana mostra que “uma outra religiosidade é possível”

Foto: APOGLBT

Na noite da última sexta (10), a imponente paróquia da Santíssima Trindade da Igreja Anglicana de Campos Elíseos foi ocupada por uma sensibilidade incomum em igrejas cristãs tradicionais: o amor incondicional aos homossexuais e o testemunho contundente contra a homofobia. Corpos e mentes de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais ocuparam lugar privilegiado no espaço sagrado dos anglicanos. Alguns cantaram, outros contaram suas histórias afetivas e sexuais, outros simplesmente rezaram pelo sofrimento de muitos.

O tema do 15º Mês do Orgulho LGBT de São Paulo, “Amai-vos uns aos outros: basta de homofobia”, foi a oportunidade para o reverendo Arthur Cavalcante receber em sua paróquia o ato inter-religioso organizado junto com a Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço, a Reju e a APOGLBT. Lideranças da umbanda, do candomblé, do catolicismo [o padre jesuíta James Alison, de cujo trabalho já falamos aqui], protestantes e espíritas compareceram para o ato, marcando um capítulo do ecumenismo em São Paulo.

Ver o tema da sexualidade adentrar o púlpito de uma igreja cristã foi uma experiência nova e libertadora para quem participou. O estudante de teologia Cesar Barbato disse que teve que “lançar fora muito medo” para falar daquele lugar. A mágica da cura homossexual por meio da oração nunca veio, restando apenas a descoberta solitária da sexualidade em meio à família tradicional de pentecostais.

Barbato criticou o recuo do governo no combate à homofobia nas escolas, chamando a congregação a cantar “Apesar de você”, de Chico Buarque, para sonhar com outros tempos que virão. “Somos moeda de troca entre o poder e a bancada fundamentalista. Eu me pergunto quantos gays e quantos cristãos fundamentalistas votaram para isso”, criticou ele, lembrando os ataques contra a presidenciável por religiosos durante a campanha eleitoral.

Sempre intercalados pelo cântico que diz: “amor sem limites, por toda a humanidade”, as pessoas foram ocupando seu lugar no púlpito para testemunhar a importância do amor pelo semelhante, a despeito de suas preferências sexuais. A dona Maria Helena completou aniversário expressando de público seu orgulho de ser mãe de Ideraldo Beltrame, o presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Assim também foi o depoimento de dona Shirley, mulher que vive sua religiosidade no espiritismo, e contou do carinho que tinha pelo companheiro de seu filho.

A fisioterapeuta e militante lésbica Irina Bacci contou como superou uma vida assexuada após a morte da mãe para enfrentar atitudes homofóbicas e contribuir para um mundo com menos ódio e violência contra LGBT. Mãe Maria Emília Campi contou sua experiência como assistente social no atendimento a doentes de aids, como uma revelação para o enfrentamento que faria depois em sua própria família. “O aprendizado mais profundo não foi atender, mas entender os homens que fazem sexo com homens, os profissionais do sexo, as travestis e trans, compartilhando como foi duro ser banidos de suas casas, pela própria família, só por serem homossexuais”, afirmou a mãe-de-santo.

Depois de canções, confraternização, preces e depoimentos emocionados, o reverendo Arthur distribuiu laços coloridos pela igreja, que foram sendo desenrolados e ligandos as pessoas numa rede. “Temos que coexistir para nos juntarmos e não ficar só nos momentos difíceis. Temos que construir laços que perdurem”, afirmou o pastor, apontando para a perspectiva de novos vínculos entre aqueles que viveram um momento tão singular naquela noite.

(Fonte: APOGLBT SP)

3 comentários:

Anônimo disse...

A Igreja Anglicana não é exemplo de nada!

Você deve saber muito bem como nasceu essa igrejola! Um igreja fundada por um rei e governada por reis nunca foi a Igreja do Cristo.

É lamentável você, que se diz católico, tentar usar um exemplo desses!


Entenda uma coisa: Ou você é católico ou não é!

Ou você segue a regra da Igreja que Cristo fundou ou você está fora dela!

Não queira ser mais um Lutero ou Lúficer no mundo!

Equipe Diversidade Católica disse...

Caro amigo anônimo,

respeitamos sua opinião, mas não compartilhamos dela.

Acreditamos que a salvação se estende a todos, seja de que crença forem, e que o Espírito de Deus sopra onde quer. Como diz S. João, Deus está onde está o amor, porque Ele é amor. Portanto, não acreditamos que nem o cristianismo em geral, nem a Igreja Católica em particular, sejam necessariamente detentores da verdade ou do monopólio da salvação.

A rigor, aliás, Cristo não fundou uma nova religião, nem uma igreja, como revelam uma leitura atenta dos Evangelhos e o estudo da rica e interessantíssima história do cristianismo. Um artigo interessante a esse respeito, caso te interesse, é "O Cristianismo: uma religião ou a saída da religião?", aqui: http://diversidadecatolica.blogspot.com/2011/02/o-cristianismo-uma-religiao-ou-saida-da.html.

Por fim, gostaríamos de chamar a sua atenção para o fato de que o ato inter-religioso noticiado neste post não foi organizado pela igreja anglicana. Foi um encontro de líderes religiosos diversos que por acaso se deu num espaço anglicano...

Fique com Deus e a Paz de Cristo.

Um forte abraço!

Zu. disse...

(A/C Anônimo)

Oi?...

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