terça-feira, 31 de maio de 2011

Próximos passos de uma Caminhada



Como todos já sabem, este fim de semana (29/05) foi articulado uma Caminhada por uma Educação sem Homofobia. Há alguns pontos muito pessoais que gostaria de dividir, por ter muita crença de que valem à pena irem à luz.

Existe uma prerrogativa Cristã bem conhecida de todos nós que diz: "Ninguém acende uma lâmpada e a cobre com um vaso ou a põe debaixo da cama; mas a põe sobre um castiçal, para iluminar os que entram". Posso concluir que depois de 5 anos de existência do grupo Diversidade Católica, dos quais 2 anos e uns quebrados eu faço parte, afirmo seguramente que ele saiu do armário definitivamente. De peito aberto, com cara, camisa e coração cristão dando lições, deixando um rastro de aprendizagem e alegria que valem a pena serem espalhados, assim como o exemplo da tal vela que ganha um castiçal.

A ideia do ato de Domingo começou com a típica fala Carioca, já que tá todo mundo indignado “vamos fazer alguma coisa, que tal uma caminhada protesto?”. Rapidamente, algo em torno de 3 horas, a ideia tipicamente carioca e sem inércia do “vamos fazer...”, ganhou corpo e vida própria. No FB e no Twitter as pessoas já compartilhavam a ideia de Domingo, no dia seguinte na quinta uma nota no O DIA e na A CAPA do UOL, sexta já estava no Mix Brasil. Sábado, foi arrematado com uma belíssima entrevista de praticamente 20 minutos na CBN RIO, pela Juliana Luvizaro, a Zu. Daí abriu portas pra outros muitos veículos de comunicação. Ou seja, a onda de revolta realmente foi abraçada por todos aqueles que se dignaram de alguma maneira a fazer algo e colaborar para que a luz do castiçal ficasse cada vez mais visível a todos e a mais gente.

Há uma participação que não pode de maneira nenhuma deixar de destacar, a da Comunidade Betel que abraçou tanto quanto nós a causa em todo o processo desde quarta-feira, no inicio de tudo.

Aqui no Blog do DC gostaria de enfatizar o que disse pessoalmente a galera da Betel - a Caminhada foi a primeira de muitos encontros. Então meus caros irmãos em Cristo, quando neste domingo demos as mãos, mostramos de uma forma muito prática uma fé rica e cheia de ações, provamos que ser Igreja é mais que simplesmente uma delimitação espacial feita por templos. Provamos e manifestamos um cristianismo político, sim, porque quem disse que pelo fato de sermos cristãos não podemos ter uma postura política diferenciada? O que difere bastante, por exemplo, da famosa bancada evangélica e católica que veste a política, alias a politicagem, numa falsa e anti-ética roupagem cristã. Aquilo não é cristianismos e foi também contra aquilo que fomos protestar. Sim, somos cristãos com muito orgulho, nos unimos, evangélicos e católicos por crer que nossa postura política pode ser diferente dos estábulos que alguns deputados e senadores ocupam em Brasília.

Além de crermos que todos tem o direito a pertença religiosa, pois Deus não faz acepção de pessoas, já dizia o cartaz da Betel na Caminhada, deixamos neste domingo uma lição que dá um banho em muitas denominações e lideranças católicas e evangélicas, demos uma contribuição moral e cível que sem dúvida somente nós, os cristãos LGBTs podemos dar às Igrejas. Mas, principalmente, provamos na prática a regra mais fundamental e básica do cristianismo, o exercício prático do amor. Fomos fundo naquilo que concerne a nossa pratica religiosa, ou seja, fomos fraternos e agimos na caridade.

Mais uma vez amigos da Betel, temos que ir mais longe nesta Caminhada, fazer convergir mais nossos caminhos, fazer ecoar nosso grito e levar luz aos corações que precisam.


Veja aqui a repercussão da Caminhada e onde nossa voz chegou:

Folha de São Paulo
R7
Agencia Brasil
Clica Brasilia
Diário de Pernambuco

2 comentários:

Anônimo disse...

Aprendemos na Igreja que se quisermos ver a face de Deus é só olhar para o próximo. Com a iniciativa da caminhada, o grupo Diversidade Católica passou a ter de fato um rosto, ou ainda, vários, de todas as pessoas que participaram efetivamente dela. Não tenham dúvida de que o efeito disso é infinito, quando qualquer pessoa a partir desse momento se questionar se é possível ser gay e católico, vai olhar para essas fotos e sentir que não está sozinho, de que é possível sim perseverar na sua fé e na sua religião mesmo que digam o contrário. Harvey Milk disse que não há maior ato político do que assumir-se, no caso, dois armários foram vencidos, não só o de assumir-se gay, mas também o de assumir-se gay e católico. Parabéns a todos, gostaria muito de ter feito história também nesse ato inaugural, mas saibam que podem sempre contar comigo, ainda que distante, mas só pela geografia, porque me sinto unido pela fé e pela coragem.

Rodolfo Viana disse...

Hugo,

mesmo distante irei parafrasear um amigo:

"Sejamos nós a igreja que desejamos uns para os outros."

:)

Grande abs!

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